Revista ISTO É
As estratégias para
nunca mais ser gordo
Mônica Tarantino
AUTOCONTROLE
Emagrecer o bastante para deixar
de ser obeso é uma grande vitória. Mas não é o fim do combate. Para ganhar de
verdade essa luta existe uma segunda batalha a ser vencida, igualmente difícil,
que é evitar a recuperação do peso. “Pelas estatísticas atuais, apenas quatro
em cada dez pessoas que emagrecem mantêm o peso certo um ano depois”, revela o
psiquiatra Adriano Segal, do Hospital das Clínicas de São Paulo. Agora, novos
estudos começam a revelar as estratégias com chances reais de sucesso contra a
volta ao peso anterior.
Nos Estados Unidos, há duas
iniciativas importantes: uma mantém sob observação pessoas que emagreceram mais
de 20 quilos e se conservam no peso certo cinco anos após a dieta e a outra
acompanha indivíduos em processo de emagrecimento. A primeira é o National
Weight Registry Control (NWCR), organização criada pelo pesquisador James Hill,
da Universidade do Colorado. Este mês, Hill lançou um resumo de um estudo sobre
os hábitos mais comuns entre essa população. Ele descobriu, por exemplo, que
98% não limitam a atividade física à academia ou clube. “Eles costumam andar na
vizinhança e usam esteira ou bicicleta ergométrica em casa”, disse Hill à
ISTOÉ.
Outros dados: a maioria não
ingere mais de 1.380 calorias por dia, raramente comete excessos alimentares
nos finais de semana, preza um bom café da manhã e se pesa uma vez ao dia (leia
mais no quadro). Na opinião de Hill, o desafio para salvaguardar o
emagrecimento é reformular o cotidiano. “Na população bem-sucedida que estudei,
vi que foram necessários cerca de três anos para transformar uma rotina mais
saudável em um hábito.”
O outro grande estudo americano
em andamento envolve centros clínicos de 16 universidades e foi planejado para
durar onze anos e meio. Seu objetivo é interferir na rotina de pessoas que
precisam emagrecer para reduzir o risco de ter diabetes (doença associada à
obesidade) e observar quais atitudes estão relacionadas à perda definitiva de
peso. Os resultados divulgados este ano, após 48 meses de acompanhamento, soam
como novidade para especialistas renomados. “O trabalho mostrou que ir a
consultas regularmente, do segundo ao quarto ano de tratamento, influencia muito
a manutenção do peso”, diz o endocrinologista Walmir Coutinho, do Rio de
Janeiro.
Regularmente quer dizer ir uma vez por mês ou até quinzenalmente ao encontro de um dos membros das equipes multidisciplinares que tratam a doença nos centros avançados. Mais uma tendência é substituir uma ou mais refeições por suplementos líquidos. Tomados fora de uma dieta controlada, no entanto, podem até levar ao ganho de peso.
Regularmente quer dizer ir uma vez por mês ou até quinzenalmente ao encontro de um dos membros das equipes multidisciplinares que tratam a doença nos centros avançados. Mais uma tendência é substituir uma ou mais refeições por suplementos líquidos. Tomados fora de uma dieta controlada, no entanto, podem até levar ao ganho de peso.
Manter o contato frequente com especialistas ou orientadores é uma
atitude encorajada também pelos Vigilantes do Peso. “Quem frequenta reuniões
emagrece 30% melhor”, diz Fernanda Fernandes, coordenadora da organização no
Brasil. A fórmula é repetida para quem entra na fase de manutenção. “Prevemos a
recaída. Por isso as pessoas que atingem a meta se tornam sócias vitalícias e
podem vir às reuniões que quiserem gratuitamente”, diz Fernanda.
No Brasil, um trabalho da Universidade Federal de São Paulo comprovou a importância do emagrecimento progressivo. Coordenada por Ana Dâmaso, a pesquisa orientou a perda de peso de 400 voluntários com idades entre 15 e 19 anos. Com direito a consultas durante um ano e exames como a pletismografia – cápsula que permite medir a composição corporal – os jovens foram reexaminados 12 meses depois. “No princípio, 50% tinham algum grau de gordura infiltrada no fígado”, relata Ana Dâmaso. É uma alteração que eleva a chance de ter diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Depois de um ano de dieta, metade dos jovens com o problema ficou livre dos depósitos. Um ano depois da conclusão do programa, porém, sete em cada dez tinham recuperado total ou parcialmente o peso inicial. “Além de voltar às consultas, muitos foram para a terapia”, diz Ana.
No Brasil, um trabalho da Universidade Federal de São Paulo comprovou a importância do emagrecimento progressivo. Coordenada por Ana Dâmaso, a pesquisa orientou a perda de peso de 400 voluntários com idades entre 15 e 19 anos. Com direito a consultas durante um ano e exames como a pletismografia – cápsula que permite medir a composição corporal – os jovens foram reexaminados 12 meses depois. “No princípio, 50% tinham algum grau de gordura infiltrada no fígado”, relata Ana Dâmaso. É uma alteração que eleva a chance de ter diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares. Depois de um ano de dieta, metade dos jovens com o problema ficou livre dos depósitos. Um ano depois da conclusão do programa, porém, sete em cada dez tinham recuperado total ou parcialmente o peso inicial. “Além de voltar às consultas, muitos foram para a terapia”, diz Ana.
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