Luiza Elizabeth
A fofoca existe desde sempre, não
importa a época, o nível social ou a cultura. Constataram as pesquisas que fazer
fofoca chega a ser uma coisa de instinto. Instinto para conservação da espécie,
e segundo o psicólogo americano Frank MacAndrew a fofoca é inerente à espécie humana.
De acordo com MacAndrew, "Determinados comportamentos e atitudes
ajudaram nossos ancestrais ao longo da evolução: quem comia os alimentos
corretos, escolhia para parceiro sexual os melhores reprodutores e estava mais
bem informado sobre o que acontecia ao seu redor e revelava-se mais apto para
superar as adversidades do meio, e aqueles que tinham forte interesse pelo que
acontecia com os outros, possuíam uma grande vantagem sobre os que não davam
importância a esse tipo de informação." Conseguiram até mesmo provar
que as mulheres são, mesmo, mais fofoqueiras que os homens. Elas se interessam
por qualquer assunto, não importa o sujeito do mexerico. Se também for do sexo
feminino, nem te conto...
E essa avidez por ouvir e falar
da outra aumenta ainda mais quando o que se tem para contar versa sobre a
promiscuidade e a infidelidade da colega. "As mulheres usam esse tipo de
informação para manipular a reputação das outras Para se explicar a evolução humana,
isso é bem lógico.
Quando difamamos uma rival, ao espalharmos que ela é infiel ao parceiro
ou tem muitos amantes, o que pretendemos, no fundo, é afastá-la dos machos
provedores. Na época em que o teste de DNA não existia, a paternidade só
podia ser garantida pela certeza de fidelidade da companheira.
Minar a reputação do concorrente
para assegurar a transmissão dos genes é um comportamento tão intrínseco à
espécie humana que o homem, ainda que pouco afeito ao disse-me-disse, é todo ouvidos quando o que se tem a falar diz
respeito à situação financeira e à habilidade sexual dos rivais.
Uma mulher que se preze, em fase
reprodutora não corre atrás de um pobretão muito menos quer saber de um sujeito
com transtornos sexuais.
Chegamos à conclusão de que os fofoqueiros
de plantão possuem um hábito adquirido há 4,5 milhões de anos atrás.
Constatamos também que apesar de ser um hábito antigo, como tudo que se
transforma em vício, não pode ser salutar, e a verdade é que a maledicência já
foi responsável pela destruição de muitas vidas, famílias e governos...
Se para a maioria dos adultos é
difícil lidar com pressões desse tipo, fofocas que levam a discriminação e até
mesmo à segregação, que dizer quando isso acontece entre crianças e adolescentes.
Além da maledicência, “brincadeirinhas” e apelidos são algumas
das armas usadas no fenômeno chamado “ Bullying”, que acontece no mundo
todo e deveria ser alvo da atenção de
todos os pais e educadores, já que tem sido comprovadamente o estopim para
comportamentos violentos e preconceituosos, e tem provocado em suas vítimas estados de depressão
e em casos extremos levado ao suicídio.
Bullying é um termo de
origem inglesa, usado para caracterizar atitudes violentas, quer sejam físicas
ou psicológicas, intencionais e repetidas, praticadas por um ou mais
indivíduos, com a finalidade de enfraquecer, agredir ou intimidar outro
indivíduo ou grupo. A criança começa sendo excluída do grupo, por um motivo
qualquer, desenvolve uma baixa auto-estima e daí pra frente todos passam a ter
problemas.
Pais e educadores deveriam dar
mais importância a esses fatos e não apenas considera-los como brincadeira de
criança, que sempre existiram. Os jovens que adotam esse tipo de comportamento
são os adultos violentos do futuro, e os que sofrem esse tipo de violência podem
explicar as pessoas que se suicidam sem motivo aparente.
Pode ser simplesmente “Zoação”,
mas pode ser também o início de “Descriminação”,
de “ Preconceito”, valores
invertidos, que deveriam ser observados por aqueles que estão realmente
preocupados em educar.Escolas mais atentas com o que acontece dentro de seus
pátios e salas de aula e pais mais antenados com o que se passa com seus
filhos teriam como resultados adultos e
uma sociedade mais equilibrados.
Quem sabe até com menos
maledicência causando desequilíbrios entre grupos , famílias e a própria
sociedade.