31/01/2012

DEIXA QUE DIGAM, QUE PENSEM, QUE FALEM




Luiza Elizabeth
A fofoca existe desde sempre, não importa a época, o nível social ou a cultura. Constataram as pesquisas que fazer fofoca chega a ser uma coisa de instinto. Instinto para conservação da espécie, e segundo o psicólogo americano Frank MacAndrew a fofoca é inerente à espécie humana.
De acordo com MacAndrew, "Determinados comportamentos e atitudes ajudaram nossos ancestrais ao longo da evolução: quem comia os alimentos corretos, escolhia para parceiro sexual os melhores reprodutores e estava mais bem informado sobre o que acontecia ao seu redor e revelava-se mais apto para superar as adversidades do meio, e aqueles que tinham forte interesse pelo que acontecia com os outros, possuíam uma grande vantagem sobre os que não davam importância a esse tipo de informação." Conseguiram até mesmo provar que as mulheres são, mesmo, mais fofoqueiras que os homens. Elas se interessam por qualquer assunto, não importa o sujeito do mexerico. Se também for do sexo feminino, nem te conto...
E essa avidez por ouvir e falar da outra aumenta ainda mais quando o que se tem para contar versa sobre a promiscuidade e a infidelidade da colega. "As mulheres usam esse tipo de informação para manipular a reputação das outras Para se explicar a evolução humana, isso é bem lógico.
Quando difamamos uma rival, ao espalharmos que ela é infiel ao parceiro ou tem muitos amantes, o que pretendemos, no fundo, é afastá-la dos machos provedores. Na época em que o teste de DNA não existia, a paternidade só podia ser garantida pela certeza de fidelidade da companheira.
Minar a reputação do concorrente para assegurar a transmissão dos genes é um comportamento tão intrínseco à espécie humana que o homem, ainda que pouco afeito ao disse-me-disse, é todo ouvidos quando o que se tem a falar diz respeito à situação financeira e à habilidade sexual dos rivais.
Uma mulher que se preze, em fase reprodutora não corre atrás de um pobretão muito menos quer saber de um sujeito com transtornos sexuais.  
    Chegamos à conclusão de que os fofoqueiros de plantão possuem um hábito adquirido há 4,5 milhões de anos atrás. Constatamos também que apesar de ser um hábito antigo, como tudo que se transforma em vício, não pode ser salutar, e a verdade é que a maledicência já foi responsável pela destruição de muitas vidas, famílias e governos...
Se para a maioria dos adultos é difícil lidar com pressões desse tipo, fofocas que levam a discriminação e até mesmo à segregação, que dizer quando isso acontece entre crianças e adolescentes.
Além da maledicência, “brincadeirinhas” e apelidos são algumas das armas usadas no fenômeno chamado “ Bullying”, que acontece no mundo todo e deveria  ser alvo da atenção de todos os pais e educadores, já que tem sido comprovadamente o estopim para comportamentos violentos e preconceituosos, e  tem provocado em suas vítimas estados de depressão e em casos extremos levado ao suicídio.
Bullying é um termo de origem inglesa, usado para caracterizar atitudes violentas, quer sejam físicas ou psicológicas, intencionais e repetidas, praticadas por um ou mais indivíduos, com a finalidade de enfraquecer, agredir ou intimidar outro indivíduo ou grupo. A criança começa sendo excluída do grupo, por um motivo qualquer, desenvolve uma baixa auto-estima e daí pra frente todos passam a ter problemas.
Pais e educadores deveriam dar mais importância a esses fatos e não apenas considera-los como brincadeira de criança, que sempre existiram. Os jovens que adotam esse tipo de comportamento são os adultos violentos do futuro, e os que sofrem esse tipo de violência podem explicar as pessoas que se suicidam sem motivo aparente.
Pode ser simplesmente “Zoação”, mas pode ser também o início de “Descriminação”, de “ Preconceito”, valores invertidos, que deveriam ser observados por aqueles que estão realmente preocupados em educar.Escolas mais atentas com o que acontece dentro de seus pátios e salas de aula e pais mais antenados com o que se passa com seus filhos  teriam como resultados adultos e uma sociedade mais equilibrados.
Quem sabe até com menos maledicência causando desequilíbrios entre grupos , famílias e a própria sociedade.

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