11/07/2011

EU ABRO O MEU "NERUDA" E APAGO O SOL...


por Luiza Elizabeth
11/07/2011

 EU ABRO MEU “NERUDA” E APAGO O SOL...

 E nesses dias não há nada que me console.Nem filme com Brad Pitt levanta meu astral! Não adianta o céu estar lindo lá fora, o sol estar brilhando. Ser primavera ou verão. Dentro de mim está tudo nublado!Um jeito de inverno no Canadá.Um fog londrino de inspirar filme de terror! Ah! Deixa eu chorar até cansar ... Me joga em qualquer lugar, e me esquece por lá até os urubus me descobrirem...
 Será que só eu me sinto assim de vez em quando? Espero sinceramente que não, e que pelo menos metade da humanidade me faça companhia,e também se sinta arrasada como eu de vez em quando, por uma questão de solidariedade.Só assim não me sentirei tão exagerada, assim feito Cazuza, fazendo drama por quase nada, porque se eu parar para refletir, meus motivos para estar assim nem são tão graves, comparados a tão graves motivos que outras pessoas tem... Mas o que me importa nesses dias, é que a vida perde o motivo de ser vivida, e tudo é motivo pra tristeza!
 Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu... já dizia sabiamente o Chico (conforta-me saber que um dia ele também se sentiu assim!!!). A verdade é que ninguém morreu, ninguém partiu, a não ser, aquele outro Eu que existe dentro de mim, aquela parte de mim que não consegue perdoar os erros do marido, aquele marido, que nem disse que me amava oito vezes hoje, que esqueceu de reparar na semana passada que eu mudei a cor do cabelo, mas, só lembrei disso hoje! Hoje qualquer falha da secretária é fatal, e se ligarem do banco dizendo que a minha conta está no vermelho talvez eu tente suicídio...
Como seria bom tomar um porre! Mesmo que fosse às duas da tarde!Mesmo que eu seja uma pessoa respeitável, que nem deve andar se embriagando por aí... Quem liga que hoje é segunda-feira? Se eu sinto essa tristeza sem remédio dentro do peito, se essa sensação de que não existe uma só pessoa no mundo que vá entender essa minha amargura amarela (é ... A minha amargura tem cor...), amargura essa, que toma conta de mim por inteiro, e eu só sinto vontade de ficar aqui, encolhidinha,sentada no chão atrás da porta, pensando no que diz a bula do remédio pra depressão, que eu já acho que estou sofrendo dela, já estou pensando em quanto tempo eu vou levar pra me curar dela, sinto no peito dilacerado que filho nenhum vai me entender, porque filho é tudo ingrato mesmo,que homem nenhum vai me querer, que devo ter envelhecido uns dez anos em um dia! Só me resta mesmo um porre, e de Tequila!Ou então:- Que bom se eu morresse!
Mas então fico pensando em como a Morte é feia, magrela, sem estilo,sem graça e sem humor! Fico pensando se o meu seguro de vida vai servir pra alguma coisa. Será que estou valendo mais morta do que viva?
 Será que vão lembrar de me maquiar depois de morta, pra eu não ficar ali, exposta naquele caixão, as pessoas me olhando, e eu lá, amarelona, cor de defunto, horriíííível e ainda por cima, é capaz de ninguém sofrer por mim, só eu mesma! Melhor continuar aqui, triste, sofrida, morrendo... mas, só de pena de mim, e aproveitar pra chorar um pouco e antecipadamente pela minha morte...
 É claro que numa hora dessas ninguém acredita que o coração da gente já se partiu em zilhões de pedaços. E de repente, sem a menor cerimônia, no meio do meu sofrimento, entra uma filha linda (minha melhor produção), seguida da minha neta gorducha, gritando vovó pelo meu quarto adentro, com outra pequerrucha linda no colo, mostrando um sorriso banguela, e sem me pedir licença nem nada, me salvam da quase morte!
  E aí, eu percebo de repente, que sou a pessoa mais feliz do mundo! Desisto de morrer, saio dançando a macarena em parceria com esse trio e peço uma Pizza calabreza, pois toda vez que ressuscito volto pro mundo dos vivos como uma alma penada cheia de fome!!!

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