31/07/2011

PORQUE AS MENINAS ADORAM COR DE ROSA ?

31/O7/11





PORTAL G1

É quase inevitável. Azul para meninos, rosa para meninas.
 Super-heróis para eles, princesas para elas.
O mundo, já há algum tempo, vem etiquetando as crianças assim,
 e exigindo delas uma postura bem definida desde cedo. 

Por isso mesmo, um casal suíço causou polêmica, nos últimos meses: eles resolveram criar seu bebê sem lhe dar um rótulo masculino ou feminino.
 O bebê se chama Pop, é vestido com calças ou saias,
 e só cinco pessoas sabem seu sexo. Um pouco distante dali,
 a experiência está sendo feita também – não com menos holofotes
- por um casal canadense, que cria uma criança de um jeito parecido.
Storm, como eles chamam o bebê sorridente, “deverá desenvolver sua identidade sexual sem seguir estereótipos sociais
ou atender às expectativas relacionadas com gênero”,
 justificou a mãe, que a tem sido apoiada e criticada pelo mundo afora,
 à imprensa internacional. 

( ... ) O movimento ganhou ainda mais olhares mundiais
 com a escola Egalia, na Suécia, que resolveu educar
seus alunos também sem identificá-los pelo sexo.
 Os professores devem se referir às crianças (de 1 a 6 anos) sem chamá-los de “ele” ou “ela”, usando simplesmente um pronome
que os suecos chamam de “hen”,
termo que indefine sexo na língua falada por lá. 

(... )Para a psicóloga Angelita Corrêa Scárdua, mestre em desenvolvimento humano adulto e em felicidade, a diferença entre homens e mulheres é inegável. “A questão é o valor que se dá a essas diferenças”, afirma. Até porque, aponta Angelita, biologicamente, o masculino e o feminino se expressam de formas diferentes, programados por hormônios que ditam comportamentos diversos. “E isso não é ruim.
As diferenças não correspondem a valores”, diz. 

Ela cita ainda que o movimento que prega esse meio caminho
entre o feminino e o masculino não é novo na história humana.
 “A sociedade ateniense, os romanos e na época vitoriana
 tentaram expor essa estética de homens iguais a mulheres." 
O movimento seria, então, cíclico, segundo a especialista,
e geralmente restrito a um pequeno grupo. 

Contos de Fadas 

( ...)Peggy Orenstein lançou o livro Cinderella Ate My Daughter, ainda sem tradução no Brasil. A obra está no topo das mais lidas no New York Times. Peggy, a autora, é mãe de Daisy, de 5 anos, e martela pesado no que ela chama de “processo de princesificação”das meninas da idade de sua filha. “Elas estão aprendendo que não devem ser a mais esperta, a mais inteligente. Elas devem ser a mais ‘fada’ de todas”, diz Peggy, no livro. 

( ...)
Mas claro que o posicionamento dos pais também conta. “Tudo depende do ponto de vista”, diz a psicóloga Angelita Scárdua. “Podemos ver (e contar para as crianças) a história de uma Cinderella sofredora, ou podemos escolher vê-la como uma batalhadora que conseguiu ir ao baile depois de superar seus problemas”, afirma. Há pouco tempo, a mídia internacional chamou a atenção para a pequena Shiloh, filha de Angelina Jolie e Brad Pitt, que só usava "roupas masculinas". Especialistas discutiram amplamente sua sexualidade a partir de um simples estilo de se vestir. Angelina deu ombros à situação, e disse que era como ela, quando pequena. E fim de papo. 

E no Brasil, como funciona?
Se nos países desenvolvidos há casais que querem criar bebês sem gênero definido, no Brasil ainda não há casos nem de longe parecidos. E quem quer bancar uma decisão como a do casal canadense provavelmente vai esbarrar em preconceito - se é que por lá a situação será diferente. Na prática, a sociedade, de modo geral, ainda quer gêneros definidos. 
É tudo uma questão de bom senso, como sempre na educação. Não é preciso radicalizar criando filhos sem gênero, mas devemos ensiná-los desde cedo que homens e mulheres são diferentes, sim, e que há elementos positivos nos dois. Só assim seu filho vai aprender a dar mais valor ao ser humano, independentemente do sexo, raça ou classe social.


Fontes: Maria Luiza Macedo de Araújo, mestre em psicologia, doutora em filosofia e presidente da Sociedade Brasileira para Estudos da Sexualidade Humana (Sbrash), Angelita Corrêa Scárdua, mestre em desenvolvimento adulto e felicidade 

Nenhum comentário:

Postar um comentário