30/08/2011

SE NÃO É AMOR, POR QUE AINDA DEIXO A PORTA ABERTA?


30/08/11
Luiza Elizabeth       
  
 Por que será que a gente teima em se repetir que conhece os sentimentos,
que conhece o coração, que conhece todos os motivos de todas as dores,
quando na verdade não sabe sequer o que está sentindo,não sabe que lágrimas são aquelas
que teimam em escorrer pelo rosto e se ao menos elas tem motivo para estar ali.
 A gente só sabe que, ainda tem alguma coisa que não acabou,
que um “não sei que” daquele alguém ainda insiste em passear pela casa, pelos móveis, pelos espelhos...
Até as coisas e as manias daquela pessoa que durante tanto tempo irritaram a gente,
 de repente fazem uma falta danada, gestos que agora representam um vazio,
um buraco no peito, no estomago, nos olhos.
De repente tudo que se amaldiçoava faz falta: a roupa no chão do banheiro, a tampa do vaso levantada,
o excesso de controle dele ou dela, o controle da TV sem controle, sempre nas mãos dele,
o som alto, os programas que só eles acham graça, a cerveja em demasia,
as compras exageradas que ela fazia,  para preencher seus vazios, as horas no telefone,
 as implicâncias que cada um considerava sem motivo, as carências que cada um sofria.
De repente tudo isso é nada, tudo isso poderia ter uma solução, se os dois tivessem certeza ontem desses sentimentos de hoje, dessa saudade de agora...
E nessas horas, até os mais valentes choram, e perdoam e voltam atrás e pensam muitas vezes
 e se perguntam: “Por que não tentar outra vez?”
E lá vão eles, cada qual com sua receita de uma nova maneira de ser feliz.
Cada um tentando desesperadamente, “que dessa vez é a última vez”,
e para quem acha que realmente não tem mais nada a perder,
a não ser mais alguns anos de vida e um resto de Esperança, por que não? Por que não?Por que não?
E aí, tem aquele casal que decide namorar de novo! Quem não conhece um assim?
Os filhos já se foram, o ninho está vazio, mas cada um tem seus hábitos e já perdeu seu espaço na casa do outro, mas ainda não perdeu no coração.Eles resolvem voltar no tempo, agora com mais regalias,
podem viajar juntos, sair juntos, mas, na volta, cada qual vai para o seu espaço,
 fazer suas bagunças e suas neuroses sem olhos críticos até o próximo evento, até a próxima festa.
Muitos vivem assim em cidades distantes, e juram que está dando certo.
Alguns na mesma cidade, alguns no mesmo prédio.
Outros vão se reaproximando timidamente, namorando primeiro, se reconquistando,
 mas sempre de olho na proximidade dos lençóis, primeiro dos motéis, depois de suas próprias casas,
que aos poucos voltam a ser uma só, para alegria dos filhos e ilusão dos que pensam que tudo vai ser diferente só porque sofreram uma separação, e que nessa história alguém mudou!!!
 Engano! Ledo engano!!! As pessoas não mudam do dia para noite.
E é por se iludir com essa crença que uma segunda tentativa na maioria das vezes não da certo.
A coisa só funciona quando se descobrem coisas novas, motivos novos para que se permaneça junto,
se os dois  amadureceram, cada qual do seu jeito, durante o tempo em que ficaram separados,
e tenham decidido ceder de alguma forma, em algum ponto em que antes eram irredutíveis.
Só deixar a porta aberta, num convite implícito para que o outro volte,
não pedir nunca a cópia da chave, não entregar aquela muda de roupa
que teima em ficar esquecida no armário para uma emergência
e que você cheira toda noite antes de dormir sozinha, ligar “trocentas” vezes
só para ouvir a voz e outras coisas do gênero, podem até significar que o amor ainda não acabou
totalmente, mas não significam que cair de cabeça numa volta cheia de ilusão pode dar certo, isso não!!!
Começar de novo pode dar certo, sim! Estou cansada de testemunhar isso!Mas amor só não é suficiente.
Já se experimentou isso da primeira vez.Da segunda vez os dois têm que estar abertos a novas experiências que só uma Amizade cheia de Ternura e Respeito traz.
Isso é o Amor de quem quer tentar de novo, se não for assim, melhor nem tentar!

                                               

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