Luiza Elizabeth
10/09/11
Igrejas cheias. Mulheres de véu.
Poucas é verdade. Não se usa mais aquele véu preto das carolas. Homens
arrumadinhos,compenetrados.Camisas bem passadas, sua melhor roupa. A roupa da
missa. Parecem uns embrulhinhos de presente. Caras de santos, caras de redimidos,
arrependidos, com propósito de não pecar mais. Dá gosto de ver!!! Todo mundo
vai cumprir sua obrigação para com a própria consciência (quase sempre pesada).
Conversar com seu Deus! Ouvir o sermão do padre, do pastor, a palestra no
centro! O mesmo acontece no templo evangélico. A mesma coisa no centro
espírita!Almas em busca de consolo, almas em busca de perdão...
Essas mesmas almas sentam-se todas as
semanas para ouvir ensinamentos exemplificados pelo Mestre há mais de dois mil
anos atrás. Eu disse: Exemplificados! Que nada se ensina sem exemplo! E nada se
aprende sem o coração aberto!
E ao chegarem à saída do templo, de volta
às suas casas, já estão atirando pedras. As mesmas pedras que foram ensinados a não atirar,
cinco minutos atrás.A hóstia ainda não dissolveu na boca, o diabo ainda não
acabou de ser expulso do corpo, a água benta ainda não secou no sinal da cruz
tortamente executado e lá estamos nós , procurando a próxima Maria Madalena
sobre a qual atiraremos as pedras dos nossos preconceitos e hipocrisias.
Todas as semanas preparamos nosso exterior
para a entrada nas casas de oração que elegemos como o local purificador de
nossos pecados, só esquecemos de preparar nossos espíritos. E então, de que nos
serve tanta reza tanto palavrório, tanta caridade???
Claro que eu percebo a necessidade das
religiões na vida do homem! Vejo a religião como um cabresto, um freio, algo a
causar temor, a mostrar direções na estrada dos que não conseguiram se espiritualizar
ainda. Faz parte da vida interior do
homem como as leis fazem parte se sua vida social. Não dá para viver sem. Acho
que seria o caos para muitas pessoas...
O único problema é não estarmos preparados
para assimilar e para viver no nosso dia a dia o que as doutrinas sérias pregam.
É aquela velha história: “Para os amigos tudo. Para os inimigos a Lei!” . Só
conseguimos ser justos, só conseguimos ter compaixão dos nossos. Nossos
defeitos, nossos erros. Os daqueles que amamos, jogamos numa cesta que
carregamos nas costas, para que possamos não enxergar.Nos intitulamos, justos,
sem preconceitos, mas vivemos de julgamento em julgamento, com nosso nariz em
pé, nos qualificando como os melhores do
pedaço, o último biscoito do
pacote...
Os que não estão na nossa esfera social,
os que não gozam da nossa amizade, os que não rezam o mesmo evangelho que nós,
costumamos considerar criaturas perdidas, párias da sociedade, que se
insistirem em suas convicções, diferentes das nossas, estão sujeitos às mesmas
pedras atiradas em
Madalena. Pedras que nós atiramos sem dó nem piedade, sem
refletirmos em nossos erros, em nossa mentira diante da vida que levamos.
Hipócritas! Vendidos! Falsos! Homens
mornos! Não sabem ainda sequer se posicionar diante da vida! Não sabem sequer
eleger seus governantes! Não sabem ao menos educar seus filhos! Vivem em cima
de muros que criaram para se proteger de decisões que deveriam tomar em suas
vidas. Causariam vomito ao Mestre que tanto nos recomendou fosse o nosso dizer
“Sim, Sim, Não, Não”!!!
Nossos telhados são de vidro! Ainda somos
crianças precisando aprender tudo da vida! Só freqüentarmos os templos, com
nossas roupas de domingo, nossas caras de beatos e sairmos deles com mãos
cheias de pedras para serem atiradas naqueles que consideramos inferiores a
nós, não nos faz atingir o objetivo a que se propõem as religiões: a
modificação moral e espiritual do homem.Ou então, sigam o ensinamento:
“ATIREM A PRIMEIRA PEDRA!” Mas
olhem-se no espelho antes!
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