01/10/11
Gianecchini raspa a
cabeça
De
costas, cabeça raspada e de braços dados com Marília Gabriela, Reynaldo
Gianecchini foi flagrado pela primeira vez fora do apartamento onde mora
Gisele Vitória com Fabiano
Mazzei
De costas, cabeça raspada e de braços
dados com Marília Gabriela, Reynaldo Gianecchini foi flagrado pela primeira vez
fora do apartamento onde mora, nos Jardins, em São Paulo , desde a alta
do Hospital Sírio-Libanês, dia 26 de agosto. Esses passeios, aliás, têm se
tornado frequentes. Na sexta-feira 9, ele e o pai, Reynaldo Cisoto – que também
sofre de câncer, na região abdominal –, caminharam juntos pelo bairro. A opção
por raspar a cabeça partiu do ator para evitar a queda dos fios de cabelo, um
dos efeitos colaterais da quimioterapia que ele faz para combater o linfoma
não-Hodgkin descoberto há dois meses.
Por Danuza Leão
Ele foi apaixonado
por ela. Não, apaixonado não é a palavra: era um bem-querer que ultrapassava
qualquer necessidade de tocar seu corpo, beijar sua boca e acabar na cama.
Não que isso
estivesse fora de qualquer cogitação, mas não era o objetivo final; aliás, não
havia objetivo nenhum, a não ser olhar e ir gostando cada vez mais. Gostar para
nada, o que se naquele tempo já era difícil de entender, imagine hoje de
explicar.
Durante muito tempo
ela fingiu que não entendeu; gostava dele mas assim, nada de mais, e às vezes
até incomodava aquele homem que olhava para ela tão sério, com um olhar tão
grave.
Com ele por perto era
difícil dar risada, fazer charme, sair dançando. Os encontros eram quase mudos,
e as moças de 20 anos sempre preferem jovens rapazes com quem se divirtam,
rapazes que insistam muito para que elas possam dizer não, mas sempre ficando
por perto, para poder testar seus poderes de sedução. Com ele era diferente:
ela não provocava, quando se sentava cobria as pernas e chegava a parecer
pudica, quando ajeitava o decote. Ela não provocava porque não era preciso, e
com ele não dava para brincar; com ele era diferente.
O tempo passou; ele
teve vários casos, ela se casou algumas vezes, mas sempre que se encontravam
guardavam um silêncio respeitoso e nunca falaram de seus amores passados ou
presentes. Esse era um assunto rigorosamente tabu, como se tivessem tido um
caso de amor intenso; até os amigos comuns percebiam a delicadeza do tema, e
disso não se falava.
Mais tarde, quando
algumas vezes se cruzaram, ela com os filhos, era como se não fossem dela; ele
simplesmente não registrava que eles existiam e nunca fez o mais banal dos
comentários do tipo “parecem com você”. Não, essas convenções sociais para ele
não existiam, e ela entendia.
O tempo continuou
passando e eles se vendo cada vez menos; um dia se encontraram numa vaga festa,
os dois solteiros e ele mal falou com ela. Foi estranho, e só um bom tempo
depois ela soube que ele estava doente, de uma doença ruim. Mais uma vez
entendeu, e nunca teve coragem de telefonar, nem fingindo que não sabia de
nada, só para dar um alô. Ele era desses homens a quem não se pode nem tentar
mentir, e ela respeitava muito tudo que não tinha acontecido entre eles para
cometer a grosseria de fingir. Não, não com ele.
Um dia ele foi embora
para sempre, coisa que acontece com algumas pessoas.
Muito mais tempo se
passou e numa tarde de domingo, a troco de nada, ela começou a pensar nele. Por
que, afinal, nunca tiveram nada um com o outro?
Não que ela fosse a
rainha da castidade; tinha tido tantos homens na vida, mais um não teria feito
nenhuma diferença, e ele teria ficado tão feliz; por que, então?
Ficou pensando: ela
se divertiu muito na vida e fez muita bobagem, brincou infindáveis vezes de se
apaixonar, muito machucou e muito foi machucada, mas levava a sério algumas
regras de conduta que nem ela mesma sabia que tinha, mas que sempre respeitou.
Uma delas é que não se pode brincar com os sentimentos dos outros, não quando
eles são sérios; não de uma pessoa como ele.
Agora, anos depois,
na tal tarde fria de domingo, fica pensando no quanto gostaria de que ele
soubesse disso, que ele soubesse porque nunca houve nada entre eles, nem um
braço encostado, tipo por acaso. Não que ele tivesse algum dia tentado, mas que
gostaria – ah, disso gostaria, e muito.
Mas sente que não foi
preciso: ele, que era incapaz de mentir ou de fingir, sempre soube que ela, de
uma certa maneira muito dela, também nunca foi capaz de mentir ou fingir – não
em relação a sentimentos.
Ah, mas tudo isso
aconteceu há tanto tempo, por que pensar nisso agora? E por acaso faz bem? Não,
nem bem nem mal; mas dá uma vaga sensação de que, afinal, não somos tão
esquecíveis assim.
Se tivessem tido um
caso daqueles a ferro e fogo estaria se lembrando dele agora?
Talvez sim, talvez não, mas com certeza não dessa maneira.
Talvez sim, talvez não, mas com certeza não dessa maneira.
No fundo ela sabe,
sempre soube, que eles se gostaram e de uma certa maneira se amaram, no que
isso tem de mais sério, de mais direito.
Foi assim.
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