por Luiza Elizabeth
Quem me vê assim
cantando não sabe nada de mim, nem desses dois corações que carrego no
peito!Corações contraditórios! Antagônicos! Corações traiçoeiros! E quem não os
tem assim? Anormal? Eu? Anormal quem tem um só! Defeito da pessoa ou do
aparelho que não conseguiu detectar o outro. Mudem de médico. Cardiologista
errado! Eu sou normal (o que é ser normal?) e tenho dois corações!
Não vou dizer pra vocês
que é fácil conviver com eles. As pessoas normais como eu devem saber disso. Cada
um deles tem seu jeitinho de ser. Um deles é responsável por me fazer
eternamente apaixonada, cabeça na Lua! Não vivo sem uma Paixão, coração batendo
forte, adrenalina a mil, cada poro do corpo transpirando dor, sofrimento, saudade.
Coração malvado, que faz os meus olhos viverem marejados de lágrimas. Água
que daria para afogar os corações áridos daqueles que só amam uma vez na
vida e se dão por satisfeitos com isso. Coisa mais sem graça!!! Coração
distraído, que não percebe o silêncio a que me obrigam as lágrimas vertidas
pelos amores impossíveis que ele teima em inventar e aos quais eu continuo
insistindo em me entregar, todos os dias, como se fosse uma necessidade de
continuar viva.
Mas aí tem o outro!
Coração velho, cheio de juízo (vive passeando dentro de mim de pijamas), já vem
com suas amarras de sabedoria, seus medos, adquiridos com o tempo e a
experiência. Corta as asas enormes que cresceram sob a proteção do irmão sem juízo,
e lá vou eu... Estabanada no chão, olhando para os lados, disfarçando para ninguém
notar que metade de mim só faz sonhar! Ah! Esse coração “careta”, cheio de artérias querendo entupir, sangue vermelho,
comum, circulando e ameaçando parar se eu não fizer tudo certinho. Um saco!!! Coração Bobo! E é ele que me pega pelo
topete, me senta de frente pra vida,
cara a cara com as responsabilidades, me faz atender ao telefone no melhor
da farra (pode ser um filho com problema, né...), me faz obedecer ao limite de
velocidade, seguir as convenções, fingir que não desejo...
Coração de Leão! É
forte, mas também dói. Só que é uma dor diferente. Dor que cardiologista cura.
Dor que não se espalha para o cotovelo! Ë uma dor que faz subir a pressão
arterial, mas qualquer UTI resolve, uma semana na beira da praia acalma. Mas,
em troca, esse, o coração certinho, o “da
direita”, o de sangue vermelho (no outro corre sangue azul com purpurina),
quer compromisso com a vida.
Coração de Poeta ou será de
criança esse outro? Sinceramente, não sei. Só sei que enquanto um me faz viver, o outro
me faz morrer todos os dias. Mas eu gosto disso! Coração Bandido!
Coração que vive correndo atrás do perigo, caindo do cavalo, se afogando em
mares de Paixões vadias que
ironicamente fazem bem porque provam que estamos vivos, que somos capazes de
sentir sentimentos velhos de formas novas e deliciosamente inebriantes.
Esse coração dói uma
dor que remédio e médico não curam! Só Lua cheia, muito beijinho, muito carinho
do ser amado em questão, música triste e muita, mas muita cachaça, sem contar
aquele olhar perdido no vazio, cara de cachorro maluco, que só quem vive
sofrendo por amor tem...
Quem tem esses dois corações vive
uma vida mais intensa, não tem vazio no peito, não tem depressão, só desilusão!
Tem mais Amor pra dar, Amor pra humanidade inteira, Amor pra mais amigos, Amor pra
mais Amores!!!
Mas é preciso “ser macho” pra carregar tanto coração,
dar conta dos dois sem cair do salto ou perder a cueca, sem tristezas... Sem
tristezas, impossível! Tristeza faz parte, aliás, da própria vida, com um ou
dois corações. Só que com dois se sofre com Arte!!! Mas, quem me vê assim, com
o olhar lá longe, não se iluda. Nem sempre é tristeza. Depressão, nunca!Com
certeza é Melancolia, Saudade, coisas de coração safado, bandido, querendo
amar, querendo deixar aflorar algum amor escondido pra transformar em Alegria, Excitação,
Paixão. Coisas que os dois corações concordam em sentir e que os dois conhecem
muito bem!
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