20/12/11
A ciência investiga as origens e os
tratamentos para a síndrome da fadiga crônica, doença caracterizada por extrema
exaustão
Mônica Tarantino
Cansaço
profundo, dificuldade para se concentrar e uma grande falta de disposição para
cumprir a agenda do dia. Essas sensações estão cada vez mais comuns. Há um
grupo de
indivíduos, porém, que não consegue eliminar os sintomas do cansaço
jamais. Para eles, a
falta de energia e o surgimento de novos sintomas, como
dores nas articulações e de
garganta, formam um quadro de saúde grave a ponto
de impedi-los até de levantar da
cama pela manhã. Com o passar do tempo, o
impacto dessa condição na qualidade de vida
é muito forte: eles deixam de
trabalhar, de sair, perdem amigos, casamentos acabam.
Essa soma de sintomas é
conhecida por Síndrome da Fadiga Crônica.
Diversos estudos estão em andamento para investigar as origens desse problema. Nos
Estados Unidos, onde se estima que até quatro milhões de pessoas tenham fadiga
crônica,
cientistas das universidades Columbia e New York estudam
micro-organismos que podem
estar envolvidos com a doença. Na
Universidade de Utah, especialistas buscam um teste
específico para a doença e
avaliam os resultados de programas de exercícios de 30
minutos. Uma das
notícias mais animadoras nesse campo foi a descoberta de que um
remédio usado
para inibir o sistema imunológico, indicado a pacientes de linfoma (um
tipo de
câncer), aliviou a fadiga em 63% dos pacientes que participaram da pesquisa,
feita
no Haukeland Univerty Hospital, na Noruega.
Ainda
há muitos desafios em relação à síndrome. O principal é torná-la mais conhecida
entre os médicos. “Há muita falta de informação”, diz o reumatologista
Roberto Heymann,
da Universidade Federal de São Paulo. Outro é saber
diferenciar o cansaço comum do
patológico. O diagnóstico é clínico e não
existe um exame para comprovar a presença da
síndrome. A lista de sintomas
físicos e emocionais é grande e qualquer pessoa se identifica
com três ou mais
deles rapidamente. “A diferença está na intensidade dos sintomas e
quando há
uma inabilidade do corpo de se recuperar totalmente após uma noite de sono
ou
temporada de descanso”, disse à ISTOÉ a psicóloga inglesa Kristina Downing-Orr,
que
lutou anos contra a doença e conseguiu superá-la.
Antes de descobrir que era portadora, a inglesa foi a dezenas de especialistas e ouviu
Antes de descobrir que era portadora, a inglesa foi a dezenas de especialistas e ouviu
muitas vezes que seus males eram
imaginários. No Brasil, não é diferente. Os pacientes
que são
tratados de fadiga crônica foram inicialmente
diagnosticados equivocadamente
como neuróticos ou deprimidos. “É
necessário pensar na fadiga crônica se o paciente
apresenta muitos dos sintomas
que o impedem de realizar grande parte das atividades que
mantinha há três
meses, sem ter outra causa como explicação”, diz o reumatologista
Heymann.
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