Certos cérebros podem ser “propensos” ao
vício
Um novo estudo indica que anormalidades no cérebro podem tornar
algumas pessoas mais susceptíveis a se tornarem viciadas em drogas do que
outras.
O estudo sugere a dependência é em parte um “distúrbio do
cérebro”, uma doença mental. E, como os cientistas descobriram as mesmas
diferenças nos cérebros de viciados e de seus irmãos e irmãs não viciados, isso
oferece esperança de novas formas de ensinar aos viciados “autocontrole”.
Já faz um tempo que os pesquisadores sabem que o cérebro de
viciados em drogas têm algumas diferenças, mas explicá-las tem sido mais
difícil.
Os especialistas não tinham certeza se as drogas mudavam o cérebro
dos usuários, ou se cérebros de dependentes de drogas eram diferentes, em
primeiro lugar.
O novo estudo tentou responder essa questão, comparando os
cérebros de 50 viciados em crack ou cocaína com o cérebro de seu irmão ou irmã,
que nunca tinha usado drogas. Ambos viciados e irmãos não viciados tinham as
mesmas anomalias na região do cérebro que controla o comportamento, o sistema
frontoestriatal.
A sugestão é de que estes cérebros podem ser “propensos” ao vício.
Mas há muito tempo se sabe que nem todo mundo que usa drogas se torna viciado.
“Isso mostra que a toxicodependência não é uma escolha de estilo de vida, é um
distúrbio do cérebro e precisamos reconhecer isso”, disse a pesquisadora do
estudo, Karen Ersche.
No entanto, os irmãos não viciados do estudo tiveram uma vida
muito diferente, apesar de compartilhar a mesma susceptibilidade. “Estes irmãos
e irmãs que não têm problemas de dependência podem nos dizer como superar esses
problemas, como eles conseguiram autocontrole em sua vida diária”, explicou
Karen.
O psiquiatra Paul Keedwell disse que o vício, como a maioria das
doenças psiquiátricas, é produto tanto da natureza quanto da criação.
“Precisamos acompanhar as pessoas por mais tempo para quantificar o risco
relativo de natureza versus criação”, comentou.
É possível que as semelhanças no cérebro dos irmãos não se deva à
genética, mas sim ao fato de terem crescido na mesma casa. Pesquisas sobre a
relação entre o vício e a estrutura do cérebro estão longe de terminar.
Se for verdade que o vício não altera o cérebro, mas sim toma
conta de um cérebro propenso, isso pode abrir caminho para novas terapias e
tratamentos e até mesmo prevenção de vícios.[BBC]
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