25/04/2012






COMO NOSSOS PAIS...
Luiza Elizabeth
Cada dia que amanhece encaramos uma nova situação que deve ser vivida, resolvida ou não, mas, que, de qualquer maneira, nos faz refletir no quanto erramos, tentando acertar em todos os papéis a desempenhar no teatro da vida...
Algumas pessoas me questionam aonde arranjo tanto assunto, para cada domingo. Respondo-lhes aqui: Nos dias que amanhecem!

Em cada ato, que é encenado pelos atores que me cercam, com alguns dos quais sou obrigada a contracenar, alguns em que não passo de simples expectadora, aplaudindo ou chorando, porém, emocionada sempre, e, inevitavelmente surpresa, a cada abrir e fechar de cortinas.

Não posso negar que, às vezes, peço a algum amigo uma dica de alguma peça em cartaz, alguma coisa que eu perdi, fiquei “por fora”. Mas é sempre a Vida, a arte de viver e de tentar viver que me emociona e me inspira, assim como seus atores pelos palcos do mundo afora...

“_ Não sou como minha mãe ou meu pai! Não cometerei os erros que  cometeram! Não educarei meus filhos como eles me educaram! Não me pareço com eles!!”
Começa pela aparência física. Poucos são os filhos que sentem orgulho de ser comparados fisicamente aos pais. Em primeiro lugar, porque estes já estão velhos, e já não exibem tantos atrativos assim...

E os filhos insistem em pensar que nós, pais, já nascemos com todas as nossas doenças, rugas, manias, cansaços e desenganos! É difícil para eles imaginar, que um dia fomos atraentes (talvez até mais do que eles), tínhamos cabelo, não tínhamos barriga, que a lei da gravidade não exercia poder sobre nós, não tínhamos medo de nada, nossa pele era lisinha e fazíamos as mesmas merdas que eles ( e isso, a gente faz questão de esquecer!!!).

Depois são as atitudes! E, no entanto, é impressionante como existe mais dos nossos pais em nossas atitudes, em nosso comportamento, do que gostaríamos que existisse. Erramos, exatamente por nos recusarmos a admitir essa realidade, que não precisa ser necessariamente uma maldição em nossas vidas.

Transmitimos aos nossos filhos os germes existentes em nós, de doenças, transmitidas inconscientemente por aqueles que nos educaram, ou pelo menos pensaram que assim o faziam, e dos quais não conseguimos nos curar ao longo dos anos, nem através de terapias, livros de auto-ajuda, mestrados, doutorados no exterior, benzimentos, reza - forte, ou coisa que o valha.

Nada nos livrou de confundirem a nossa voz com a de nossos pais quando atendemos um telefone, ou compararem o nosso andar, um trejeito, um jeito de sorrir de canto, uma mesma mania, um mesmo gosto, um mesmo desgosto...

Só há uma maneira dessa peça teatral não nos “pregar uma peça”. Reconhecermos que ninguém erra porque quer errar. E que cometer erros faz parte dos nossos acertos! Que nunca chegaremos a lugar algum, fingindo que somos perfeitos, e temos o script decorado, na ponta da língua. E que nossos filhotes, pobres mortais como nós,estarão imunes ao nosso contágio, de vírus atávicos existenciais...

Cometemos erros, sim! Exatamente como nossos pais!!! E é essa constatação que talvez mais nos irrite.
Erramos como eles, tentando acertar como eles tentaram, falhamos igualmente, constatamos tudo isso, porém não temos a humildade de rasgar o texto, olhar para o coadjuvante e confessar que precisamos começar a ensaiar uma nova história.


Uma nova peça, baseada numa história real, em que a Vida imita a Arte, com personagens contemporâneos, que pode ou não ter um final feliz!!!Mas isso não importa!O que realmente importa é executar a obra.

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