COMO
NOSSOS PAIS...
Luiza
Elizabeth
Cada dia que amanhece encaramos
uma nova situação que deve ser vivida, resolvida ou não, mas, que, de qualquer
maneira, nos faz refletir no quanto erramos, tentando acertar em todos os
papéis a desempenhar no teatro da vida...
Algumas pessoas me questionam
aonde arranjo tanto assunto, para cada domingo. Respondo-lhes aqui: Nos dias
que amanhecem!
Em cada ato, que é encenado pelos
atores que me cercam, com alguns dos quais sou obrigada a contracenar, alguns
em que não passo de simples expectadora, aplaudindo ou chorando, porém,
emocionada sempre, e, inevitavelmente surpresa, a cada abrir e fechar de
cortinas.
Não posso negar que, às vezes,
peço a algum amigo uma dica de alguma peça em cartaz, alguma coisa que eu
perdi, fiquei “por fora”. Mas é
sempre a Vida, a arte de viver e de tentar viver que me emociona e me inspira, assim
como seus atores pelos palcos do mundo afora...
“_ Não sou como minha mãe ou meu
pai! Não cometerei os erros que cometeram!
Não educarei meus filhos como eles me educaram! Não me pareço com eles!!”
Começa pela aparência física.
Poucos são os filhos que sentem orgulho de ser comparados fisicamente aos pais.
Em primeiro lugar, porque estes já estão velhos, e já não exibem tantos
atrativos assim...
E os filhos insistem em pensar
que nós, pais, já nascemos com todas as nossas doenças, rugas, manias, cansaços
e desenganos! É difícil para eles imaginar, que um dia fomos atraentes (talvez
até mais do que eles), tínhamos cabelo, não tínhamos barriga, que a lei da
gravidade não exercia poder sobre nós, não tínhamos medo de nada, nossa pele
era lisinha e fazíamos as mesmas merdas que eles ( e isso, a gente faz questão
de esquecer!!!).
Depois são as atitudes! E, no
entanto, é impressionante como existe mais dos nossos pais em nossas atitudes,
em nosso comportamento, do que gostaríamos que existisse. Erramos, exatamente
por nos recusarmos a admitir essa realidade, que não precisa ser
necessariamente uma maldição em nossas vidas.
Transmitimos aos nossos filhos os
germes existentes em nós, de doenças, transmitidas inconscientemente por
aqueles que nos educaram, ou pelo menos pensaram que assim o faziam, e dos
quais não conseguimos nos curar ao longo dos anos, nem através de terapias,
livros de auto-ajuda, mestrados, doutorados no exterior, benzimentos, reza - forte, ou coisa que o valha.
Nada nos livrou de confundirem a
nossa voz com a de nossos pais quando atendemos um telefone, ou compararem o
nosso andar, um trejeito, um jeito de sorrir de canto, uma mesma mania, um mesmo gosto, um mesmo desgosto...
Só há uma maneira dessa peça
teatral não nos “pregar uma peça”. Reconhecermos
que ninguém erra porque quer errar. E que cometer erros faz parte dos nossos
acertos! Que nunca chegaremos a lugar algum, fingindo que somos perfeitos, e
temos o script decorado, na ponta da
língua. E que nossos filhotes, pobres mortais como nós,estarão imunes ao nosso contágio,
de vírus atávicos existenciais...
Cometemos erros, sim! Exatamente
como nossos pais!!! E é essa constatação que talvez mais nos irrite.
Erramos como eles, tentando
acertar como eles tentaram, falhamos igualmente, constatamos tudo isso, porém
não temos a humildade de rasgar o texto, olhar para o coadjuvante e confessar
que precisamos começar a ensaiar uma nova história.
Uma nova peça, baseada numa história real, em que a Vida imita a Arte, com personagens contemporâneos, que pode ou não ter um final feliz!!!Mas isso não importa!O que realmente importa é executar a obra.
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