Por Luiza Elizabeth
07/08/11
Não sei de dor mais doída que a
danada da saudade ...
Não tem tempo que cure , não tem cachaça que
alivie .
Todas as outras dores são abrandadas com o passar do tempo ,
com o sem
querer da perda de neurônios diários,
com os sofrimentos que se sucedem num vai
e vem
que transforma nossa vida numa abençoada roda viva
de emoções e
acontecimentos e preocupações.
Mas chega uma hora em que a gente tem que
parar !
Cada um tem o seu momento : a tragada silenciosa e egoísta do cigarro
na varanda , longe de todo mundo,
aquele olhar perdido no “horizonte da parede
da cozinha”
enquanto se saboreia o cafezinho da tarde ,
o instante de trégua
entre um toque de telefone e outro ,
enfim, há sempre um momento em que não dá
pra fugir
da dor ardida , quente e malvada da saudade.
Curto essa danada debaixo do
chuveiro (e sei que não sou a única) , que ele( o chuveiro ) é discreto e
amigo, nos abraça,
nos envolve,e disfarça nossas lágrimas se porventura
vierem...
E depois ainda dá pra cantar uma canção antiga e fingir que está
feliz . Mentira : É saudade !!!
Quando perdemos alguém ,que sabemos que não
vamos ver mais
( e nessas horas a teoria reencarnacionista não me consola),
a
dor da perda em si é acalmada pelo tempo.
Se há algum tipo de revolta , contra
Deus ou contra os homens ,
essa também pode ser aliviada com uma série de truques
da vida que aparecem pra nós sem que nos
apercebamos e que desvia nossa atenção da dor e seca nossas feridas.
Mas a
saudade não é uma ferida a ser cicatrizada ...
A saudade é o cheiro , o jeito, o carinho, o
riso ,
é tudo entranhado nos nossos olhos, na pele ,
nos movimentos das pessoas
que vemos na rua
e que nos faz recordar em momentos em que sequer pensávamos
naquela pessoa e que nem queríamos lembrar .
Não adianta não falar nela , não
olhar as fotos , não ouvir as músicas que eram suas preferidas.
Quando a marvada
da saudade vem ninguém segura !
De tudo o que já senti na vida esse é um
sentimento com o qual não sei lidar. Quando me virem triste por aí , olhar de
cachorro louco , cara de peão que perdeu a marmita , sem saber onde parar o
carro , entrando e saindo pela mesma porta , pode ter certeza de uma coisa : é
Banzo ! Acho até que isso mata
! Se não mata engorda!
Deve dar uma
daquelas síndromes que os psiquiatras e terapeutas do momento criaram para
justificar a nossa compulsão para fazer as coisas em excesso e que nos faz
sentir que somos pessoas normais ...
Talvez por isso eu preciso estar
sempre em constante movimento! Querendo notícias do mundo de lá ... querendo
aliviar a saudade daqueles que ficaram longe ou que se foram pra sempre,
revendo
lugares , sentindo aromas ouvindo sons que se perderam...
Nos meus espaços interiores eu me espalho em letras e músicas
para viver tudo o que meu coração quer e me encolho cheia de
tristeza e às vezes cheia de alegria
,olhando esse meu coração safado, carregado de recordações desses meus “alguns
anos” bem vividos, povoado de gente boa
que me faz encher os olhos de lágrimas por não estarem ao meu lado, curtindo
tudo o que estou curtindo, por opção minha ou da vida ...
Mas daqui a pouco passa e em
poucos dias vai doer de novo ! Saudade é assim ! Não sara! Não deixa marca !
Mas dói feito gente grande ...
Realmente a saudade mata a gente, mata e deixa cicatrizes profundas
ResponderExcluirAdoro suas postagens
MARIA JOSÉ LOREDO