Terapeuta fala sobre a necessidade de viver o
luto
Maíra Sanches / Do Diário do
Grande ABC
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Lidar com a morte não é tarefa fácil para
ninguém. Nem adultos nem crianças. O enfrentamento da perda repentina de entes
queridos pode representar o enclausuramento mental e social de famílias que
buscam tratamento e vivem enlutadas anos a fio. Porém, diferentemente do que a
maioria pensa, o luto deve ser vivido. A dor não pode ser negada, pois falar
sobre a perda é fundamental. Atualmente, 25 casos são atendidos no Laboratório
de Estudos e Intervenções Sobre o Luto da PUC-SP (Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo), criado em 1996 e coordenado até hoje pela psicóloga e
professora Maria Helena Franco. Pelo menos 60% dos casos atendidos no
laboratório atualmente correspondem às famílias que sofreram com a morte
violenta de algum parente, seguidas por falecimentos decorrentes de doenças prolongadas
e sofridas, como o câncer.
A necessidade de viver e entender a perda
integra um processo necessário da psicoterapia de luto. Para a especialista,
lidar com a ausência da pessoa pode
render novas descobertas. "É natural que a pessoa reorganize a vida e a
maneira de viver. Durante a experiência ela revê seus sentimentos e entende sua
identidade de outra maneira."
O atendimento geralmente engloba toda a família
e visa a recuperação de laços afetivos, a retomada do trabalho e a reconstrução
de relações sociais. No caso das mortes causadas por violência urbana, a
impunidade e indefinição dos casos são considerados fatores agravantes do
quadro emocional da família. A busca incessante por justiça torna-se um entrave
para lidar com o rompimento de forma mais saudável. Sendo criança, jovem ou
adulto, a forma de cada pessoa encarar a perda pode ser explicada pelo grau de
relação construído em
vida.
"As pessoas não amam igualmente. Tem gente
que ama de forma mais contida, outras demonstram o sentimento de forma mais
evidente. O luto reflete como foi este vínculo."
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