28/10/11 METADE |
Que a
força do medo que eu tenho,
não me impeça de ver o que anseio.
Que a
morte de tudo o que acredito
não me tape os ouvidos e a boca.
Porque
metade de mim é o que eu grito,
mas a outra metade é silêncio…
Que a
música que eu ouço ao longe,
seja linda, ainda que triste…
Que a
mulher que eu amo
seja para sempre amada mesmo que distante.
Porque
metade de mim é partida,
mas a outra metade é saudade.
Que as
palavras que eu falo
não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor, apenas respeitadas, como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos.
Porque
metade de mim é o que ouço,
mas a outra metade é o que calo.
Que essa
minha vontade de ir embora
se transforme na calma e na paz que eu mereço.
E que essa
tensão
que me corrói por dentro seja um dia recompensada.
Porque
metade de mim é o que eu penso,
mas a outra metade é um vulcão.
Que o medo
da solidão se afaste
e que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável.
Que o
espelho reflita em meu rosto,
um doce sorriso, que me lembro ter dado na infância.
Porque
metade de mim
é a lembrança do que fui, a outra metade eu não sei.
Que não
seja preciso
mais do que uma simples alegria para me fazer aquietar o espírito.
E que o
teu silêncio
me fale cada vez mais.
Porque
metade de mim
é abrigo, mas a outra metade é cansaço.
Que a arte
nos aponte uma resposta,
mesmo que ela não saiba.
E que
ninguém a tente complicar
porque é preciso simplicidade para fazê-la florescer.
Porque
metade de mim é platéia
e a outra metade é canção.
E que a
minha loucura seja perdoada.
Porque
metade de mim é amor,
e a outra metade… também |
31/10/2011
POESIA PARA TORNAR MAIS DOCE O DIA
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Metade é uma poesia de Osvaldo Montenegro e não de Paulo Gullar como afirmam alguns...
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