Alguns estudos dizem que a pornografia gera
alterações cerebrais profundas e generalizadas nas pessoas, tanto em adultos
quanto em crianças, incluindo predisposição a violência contra as mulheres.
Seria isso verdade?
Segundo Paul Wright, professor assistente de
telecomunicações na Universidade de Indiana, em Bloomington, EUA, que estudou o
sexo nos meios de comunicação, os estudos sobre pornografia são variados e você
não pode olhá-los separadamente para tirar uma conclusão.
A maioria dos estudos experimentais sobre os
efeitos da pornografia concentram-se em estudantes universitários. Analisados
individualmente, estes estudos parecem mistos.
Alguns acham que a exposição de jovens à
pornografia aumenta atitudes sexistas e até mesmo uma vontade de infligir dor
(conclusão que é muitas vezes apoiada por testes experimentais em que homens
têm a oportunidade de infligir o que eles acreditam ser verdadeiros choques
elétricos em uma mulher).
Por outro lado, outros estudos encontram pouco
ou nenhum efeito negativo de assistir pornografia.
Para entender esses resultados, os psicólogos
dependem de meta-análises ou estudos que analisam os dados de vários estudos
individuais. Usando esta técnica, Wright disse que os efeitos da pornografia
ficam “bastante claros”.
“Em situações experimentais em que o
comportamento agressivo real é medido entre os homens, tanto pornografia
violenta quanto não violenta aumenta a probabilidade de agressão posterior”,
explica Wright.
“A questão que permanece é: o que esses caras
fazem no laboratório, eles realmente aplicam à vida real?”, disse Chris
Ferguson, um psicólogo que estuda a relação entre mídia e comportamento violento.
Ferguson, um psicólogo que estuda a relação entre mídia e comportamento violento.
Na vida real, é claro, os pesquisadores não
podem realizar experimentos controlados de pornografia. Uma estratégia
alternativa tem sido olhar as taxas de violência sexual em países logo após a
pornografia ser descriminalizada.
Estes estudos, muitos feitos por Milton Diamond,
da Universidade do Havaí em Manoa, costumam concluir que as taxas de violência
sexual diminuem após a pornografia se tornar mais prevalente.
Diamond vê isso como evidência de que a
pornografia proporciona na verdade um “canal de escape” para os homens que têm
tendências agressivas sexualmente. “A maioria da pornografia dissipa a
excitação pela masturbação e eu acho que funciona tanto para homens quanto para
mulheres”, diz. “E, geralmente, depois de alguém se masturbar e ter o seu
orgasmo, perde o interesse em sexo, o que pode dissipar também o interesse de
sair e fazer qualquer coisa ilegal”.
Porém, não há prova desse efeito de escape nos
estudos por todos os EUA. Não é nem possível interligar firmemente a queda na
violência à pornografia, dado o grande número de outros fatores que poderiam
desempenhar um papel.
Efeito moderado ou perigoso?
Se os estudos de laboratório estiveram corretos em dizer que a pornografia aumenta a violência masculina, esse efeito é pequeno a moderado.
Se os estudos de laboratório estiveram corretos em dizer que a pornografia aumenta a violência masculina, esse efeito é pequeno a moderado.
O pesquisador Neil Malamuth, da Universidade da
Califórnia em Los Angeles ,
EUA, descobriu que a exposição à pornografia não afeta o homem médio. Mas
homens com outros fatores de risco que predispõem à violência sexual, sim.
“A pornografia pode tornar uma pessoa com uma
certa tendência, uma certa inclinação, um perfil de risco ainda mais propensa a
agir de uma maneira sexualmente agressiva”, disse Malamuth.
Características de risco incluem hostilidade em
relação às mulheres, personalidade narcisista e tendência a derivar satisfação
de poder e controle sobre as mulheres, bem como características de fundo, como
crescer em um lar violento.
Pode ser que os estudos feitos tiveram
diferentes proporções de homens com essas características, o que explicaria os
resultados conflitantes.
Na outra ponta, alguns pesquisadores estão se
voltando aos sinais potencialmente positivos da mídia sexualmente explícita.
Nos estudos, os usuários de pornografia em geral a veem como um benefício.
Nos estudos, os usuários de pornografia em geral a veem como um benefício.
“A pornografia pode ter muitos efeitos benéficos
para algumas pessoas em suas vidas sexuais, e muitos não se veem prejudicados
de forma alguma”, disse Malamuth.
Visão pornográfica
Em um estudo da Universidade do Havaí em Manoa, pesquisadores compararam poses de mulheres em fotografias tiradas de sites de pornografia populares, revistas e portfólios na Noruega, Estados Unidos e Japão.
Em um estudo da Universidade do Havaí em Manoa, pesquisadores compararam poses de mulheres em fotografias tiradas de sites de pornografia populares, revistas e portfólios na Noruega, Estados Unidos e Japão.
Esses três países foram escolhidos porque eles
caem em diferentes partes da Medida de Empoderamento do Gênero das Nações
Unidas (ONU), uma medida de poder político e econômico das mulheres em uma
nação. A Noruega é a número 1 na escala global, os EUA é o nº 15, e o Japão é o
nº 54.
Os pesquisadores compararam poses de poder e não
poder nas fotografias pornográficas de cada nação. Um exemplo de uma fotografia
de não poder seria uma mulher amarrada ou contorcida, com pouco conforto. Uma
fotografia de poder seria o oposto, por exemplo, uma mulher de frente para a
câmera com um olhar de confiança.
Os pesquisadores descobriram que as fotografias
de não poder eram igualmente comuns em todos os três países. Mas a Noruega teve
o maior número de fotografias de poder, seguido pelos EUA.
As descobertas sugerem que a pornografia pode
espelhar a igualdade de gênero ou a ausência dele da sociedade em geral.
“É um reflexo do que a nossa cultura produz para mostrar o que é sexy sobre as mulheres ou o que deve ser considerado um ideal sexual”, disse a pesquisadora Dana Arakawa.
“É um reflexo do que a nossa cultura produz para mostrar o que é sexy sobre as mulheres ou o que deve ser considerado um ideal sexual”, disse a pesquisadora Dana Arakawa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário